A pesquisa tem como objetivo identificar e analisar experiências de trânsito de gênero de pessoas trans na Universidade Federal de Minas Gerais. Buscando estabelecer, através do uso de narrativas, como essas experiências marcam a trajetória pessoal e escolar desses sujeitos em seu ingresso na universidade e no cotidiano de sua experiência acadêmica nas várias unidades da universidade. Estabelece, para isso, o campo de estudos de gênero, gays e lésbicos e queer como referenciais analíticos e utiliza como método de produção de dados a técnica de entrevista narrativa, cujo objetivo principal é reconstruir a dinâmica interação entre processos biográficos individuais e mecanismos coletivos/institucionais.
Assume-se aqui como hipótese desta pesquisa que pessoas trans, em um longo processo de reconhecimento identitário, vivenciam e expressam percepções de gênero contrárias as designadas pelos binarismos das normas de gênero. E que, portanto, tanto de um ponto de vista pessoal, quanto institucional, sua inserção em instituições educacionais, em especial a UFMG, dar-se-á em contextos discriminatórios em que a transfobia vitimizaria esses corpos e inferiorizaria essas expressões de gênero. O que está posto nesta hipótese é que tais condições podem ser investigadas a partir da narrativa desses sujeitos sobre essas experiências e, em seus desdobramentos, as lógicas institucionais que amparam as relações interpessoais dentro das unidades acadêmicas possam vir a sofrer intervenção de forma a minorar a transfobia e permitir uma melhor inserção desses sujeitos no cotidiano acadêmico.
Essa pesquisa, portanto, associa-se a uma dimensão extensionista junto à Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis com o intuito de fortalecer, especificamente, o combate à transfobia e, em seus desdobramentos, a homofobia como um dos índices sistêmicos de regulação dos corpos presentes no complexo relacional do sistema sexo-gênero.
Equipe
Prof. Dr. Paulo Henrique de Queiroz Nogueira
Beatriz Marques Trindade Campos (Bolsista de Iniciação Científica)